quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010


1ª REUNIÃO DA FAMÍLIA ESCUTISTA DO CNE DE ARRIFES NO ANO 2010
Irmãos escutas, aqui está reunida, neste início do Ano 2010, toda a família escutista de Arrifes, constituída pelos actuais e antigos elementos do Agrupamento 433 do Corpo Nacional de Escutas, em alegre e fraterno convívio.
Tal como acontece em qualquer família que se presa, sempre que se reúne é tradicional que se faça memória dos seus antepassados, que se recordem episódios das suas vidas, os quais passarão a fazer parte da nossa própria história. Hoje, como não podia deixar de ser, recordamos com todo o respeito e emoção a memória, muito querida de Baden-Powell, o Fundador do Escutismo, o Grande Chefe Mundial deste Movimento admirável, que tanto amamos e ao qual, muito nos orgulhamos de pertencer.
O Chefe José Maria Pacheco, Chefe do Agrupamento 433, solicitou-me que nesta reunião da família escutista de Arrifes, proferisse algumas palavras, recordando a vida e obra, desta figura impar de homem integro, que temos a honra de ter como Chefe.
Na verdade, se quisermos compreender com exatidão o que é o escutismo, precisamos de saber alguma coisa a respeito do homem que o fundou, Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, mais conhecido carinhosamente por todos os escuteiros do mundo por, B.P. Nasceu em Londres, na Inglaterra, em 22 de Fevereiro de 1857, no próximo mês completar-se-ão 153 anos sobre a data do seu nascimento. Seu pai foi o Reverendo Baden-Powell, conceituado professor da Universidade de Oxford e sua mãe Lady Smyth. Quando morreu o seu pai, tinha ele apenas três anos, ficando sua mãe com sete filhos de menos de catorze anos de idade, sendo Robert Baden-Powell, o mais novo. A família teve de lutar com dificuldades, mas o grande amor mútuo entre mãe e filhos sempre os levou a vencê-las. Robert viveu uma infância riquíssima de experiências de vida ao ar livre, beneficiando da companhia dos irmãos mais velhos que o levavam a fazer passeios e excursões, levando-o a acampar com eles em vários lugares de Inglaterra. Em 1870 Baden-Powell entrou para a Escola da Cartuxa, em Londres, com uma bolsa de estudos. Não podemos dizer que tenha sido um estudante extraordinário, mas distinguiu-se pelo seu espírito muito participativo em todas as actividades, revelando-se no desporto um hábil guarda redes, manifestando-se com muita habilidade para a arte dramática, organizando ele próprio espectáculos que faziam rebentar de riso toda a escola. Tinha também grande vocação para a música e um autêntico dom para o desenho, o que lhe permitiu mais tarde ilustrar os seus próprios escritos. Aos 19 anos, terminou os seus estudos na Cartuxa e imediatamente aceitou a oferta de ir para a Índia como Alferes de Cavalaria. Com 26 anos de idade já era Capitão, com excelentes serviços prestados como militar. Em 1887 foi enviado para a África, tomando parte nas campanhas contra as revoltas das famosas tribos Zulos e mais tarde contra as ferozes tribos dos guerreiros Achantis e dos Matabeles. Os indígenas tinham-lhe tanto respeito, que lhe deram o nome de " Impisa", o " Lobo que não dorme", por causa da sua audácia, da sua habilidade de explorar e da espantosa perícia em seguir pistas. As suas promoções eram quase automáticas, tão regularmente se sucediam, até que, de repente, já se tomara célebre. Em 1899 Baden-Powell, já era Coronel. Foi neste ano que rebentou a Guerra entre a República do Transval e África do Sul, e Baden-Powell recebe ordens para organizar dois batalhões e dirigir-se com eles para Mafeking, cidade no coração do Sul de África, considerada ponto estratégico para vencer esta guerra. Desde o dia 13 de Outubro de 1899 que Baden-Powell defendeu Mafeking resistindo ao cerco contra as forças inimigas muito superiores, até que finalmente a 18 de Maio de 1900 lhe chegaram reforços. Durante este cerco Baden­Powell criou, com os jovens dessa Cidade o " Corpo de Cadetes de Mafeking", primeira das suas experiências de trabalho com a juventude, havendo quem diga, que foi isso que o motivou mais tarde na fundação do Movimento Escutista. Baden-Powell elevado então ao posto de Major-General, achou-se convertido em herói aos olhos de todos os seus compatriotas.
Foi como herói de homens e de rapazes que em 1901 regressou de África do Sul à Inglaterra, para ser comulado de honrarias e para descobrir, com grande espanto seu, que a sua popularidade pessoal estava a incidir sobre o seu livro " Aids to Scouting", destinado ao exército, que estava a ser usado como livro de texto nas escolas masculinas. Baden-Powell viu nisto um chamamento especial de Deus. Compreendeu que tinha agora uma excelente oportunidade de ajudar os jovens da sua Pátria a converterem-se em jovens fortes, úteis à sociedade e a serem felizes. Pôs mãos à obra, aproveitando as suas experiências e reunindo uma biblioteca especial de livros, que leu, sobre a educação dos jovens através dos tempos, preparou as bases dum novo movimento. Lenta e cuidadosamente, foi desenvolvendo a ideia do Escutismo. Para ter a certeza de que tudo o que preparara, daria resultado, no verão de 1907 levou consigo um grupo de vinte rapazes para a Ilha de Brownsea, no Canal Inglês, para aí realizar o primeiro acampamento escutista de todos os tempos. Este acampamento foi um êxito. Logo a seguir, nos primeiros meses de 1908, publicou em seis prestações quinzenais, ilustradas por ele próprio, o seu manual de instrução " Escutismo para Rapazes", sem sonhar que este livro ia desencadear um movimento que havia de entusiasmar os jovens do mundo inteiro. Esta ideia cresceu com tal rapidez que em 1910, tomara tais proporções, que Baden-Powell compreendeu que o Escutismo ia ser a obra da sua vida. Teve a visão e a fé de reconhecer que poderia fazer mais em prol do seu país, educando as novas gerações para darem bons cidadãos do que instruindo homens para serem bons soldados. Por isso abandonou o exército, onde atingira o grau de Tenente-General e, embarcou na sua "segunda vida", como ele próprio lhe chamava. A sua grande recompensa teve-a na extraordinária expansão do Escutismo e no amor e no respeito dos jovens de todo o mundo. Em 1912 empreendeu uma viagem à volta do mundo para visitar os escuteiros que já existiam em muitos países. Foi este o começo da expansão da Fraternidade Mundial Escutista. No dia em que o Movimento Escutista fez 21 anos e atingiu a sua maioridade, contava já com mais de dois milhões de membros em, praticamente, todos os países civilizados da Terra. Nessa ocasião Baden-Powell recebeu do seu Rei, Jorge V de Inglaterra a honra do baronato com o título de Lorde Baden­Powell de Gilwell. Quando, chegou aos 80 anos de idade e as forças lhe começaram a faltar, voltou para África, aquela a que chamava, " a minha terra amada", na companhia de sua esposa, Lady Baden-Powell, que fora entusiástica colaboradora de todos os seus trabalhos e que, além disso, era a Chefe Mundial das Guias – Obra também criada por Baden-Powell. Instalaram-se no Quénia, num lugar tranquilo, com uma magnífica perspectiva de milhas de florestas e montanhas cobertas de neve.
Aí faleceu Baden-Powell no dia 8 de Janeiro de 1941, faltando pouco mais de um mês para completar 84 anos de idade.
Senhor, nós vos agradecemos o dom da vida que concedestes a este extraordinário homem que foi Baden-Powell e pelo Movimento Escutista por ele criado, do qual somos felizes beneficiários. Sejamos todos dignos e fieis escuteiros, honrando com o nosso testemunho de vida a sua memória.

15 de Janeiro de 2010
José Guilhermino Amorim

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